O financiamento é o caminho de quase 90% dos brasileiros
para conquistar a sua casa própria. Com as reduções consecutivas da Selic (taxa
básica de juros), a perspectiva é de aumento na demanda pelo crédito
imobiliário em 2024.
Embora a queda não tenha efeito imediato nos juros cobrados
pelos bancos, a expectativa é de ajustes até o fim do próximo ano.
Hoje, a taxa média de financiamento imobiliário dos bancos
é 11% ao ano. Quando a Selic estava em 2% ao ano, a média era de 7% ao ano. Mas
a decisão sobre o momento de financiar um imóvel vai além da espera do corte de
juros. O planejamento inclui a escolha da linha de financiamento mais adequada
ao perfil do comprador.
Criado em 1964 para diminuir o déficit habitacional do país
– atualmente em mais de 18 milhões de unidades -, o SFH (Sistema Financeiro de
Habitação) é o financiamento mais tradicional. As fontes dos recursos para
custear o crédito são a caderneta de poupança e o FGTS (Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço).
O comprador pode financiar até 80% do valor do imóvel – que
não pode ultrapassar R$ 1,5 milhão – com juros limitados a 12% ao ano + TR
(Taxa Referencial).
Se for o primeiro imóvel, é possível usar o saldo do FGTS
como parte do pagamento. O parcelamento pelo SFH tem um prazo máximo de 35
anos, e as prestações não pode ultrapassar 30% da renda mensal do consumidor.
Dentro do SFH está o programa habitacional MCMV (Minha Casa,
Minha Vida), voltado para famílias com renda mensal de até R$ 8.000. Nessa
opção, o valor do imóvel não pode passar de R$ 350 mil, e a taxa de juro máxima
é de 8,15%.
Trabalhadores informais também podem financiar pelo o MCMV,
desde que comprovem renda por meio de extratos bancários e declaração de
imposto de renda.
Os contratos e registros dos imóveis financiados pelo Minha
Casa Minha Vida são feitos prioritariamente no nome da mulher. Se for “chefe de
família”, podem ser firmados mesmo sem a outorga do cônjuge, exigência geral
prevista no Código Civil.
Famílias com renda mensal entre R$ 2.000 e R$ 2.640 podem
financiar imóveis no valor de R$ 190 mil até R$ 264 mil a depender da cidade
onde moram ou trabalham. A taxa de juro máximo nesse caso é de 4,5% ao ano.
Na faixa de renda entre R$ 2.640,01 e R$ 4.400, é possível
financiar imóveis no valor de até R$ 264 mil, com juros de até 7,66% ao ano.
Quem tem renda de R$ 4.400.01 a R$ 8.000 entra na última
faixa do programa federal. Nesse caso, a taxa de juros é de 7,66% para quem tem
FGTS e de 8,15% para os não cotistas do fundo. O maior valor possível é de R$ 350
mil.
Para imóveis que custam acima de R$ 1,5 milhão, o
financiamento é pelo o SFI (Sistema Financeiro Imobiliário). O modelo é gerido
por recursos privados, permitindo a livre negociação entre clientes e instituições
financeiras. Não há limitação de renda nem de financiamentos.
Pelo o SFI, o comprador pode financiar 100% do valor e a
aplicação da taxa de juros varia de acordo com condições específicas, como o
relacionamento com o banco.
Desde de agosto de 2021, o saldo do FGTS também pode ser
usado para quitar ou amortizar prestações nesse tipo de financiamento, desde de
que seja a residência do comprador e obedeça alguns requisitos.
O ideal é simular financiamentos em diferentes bancos para
chegar à melhor opção, apresentando a proposta de um para o outro.
Pelo o site do Banco Central é possível verificar as taxas
de juros de financiamento imobiliário para pessoa física de todos os bancos que
oferecem crédito.
Para imóveis que se enquadram no Minha Casa, Minha Vida, a
Caixa, responsável por quase 70% dos financiamentos imobiliários contratados no
país, cobra 8,99% ao ano desde agosto de 2023 pelo SBPE (Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo), ao simular a negociação é preciso considerar que quanto
mais parcelas tiver contratado, maiores serão os juros e os encargos. A dica é
sempre avaliar o CET (Custo Efetivo Total) para entender quanto exatamente será
pago pelo o financiamento.
É possível ainda financiar diretamente com as construtoras.
Em geral a opção só existe enquanto o imóvel está “na planta” e o prazo para
quitar a dívida é menor do que 35 anos.
Comprar um imóvel em construção pode ser uma forma de
diluir o pagamento durante o período de obras – que leva, em média, três anos.
Quem opta em financiar direto com a construtora, paga ainda
parcelas semestrais e um valor na entrega das chaves. O processo de financiamento
é semelhante aos dos bancos: o cliente faz uma simulação, passa por uma análise
de crédito e entrega a documentação solicitada.
Ao escolher o tipo de financiamento, é preciso considerar
por qual índice será feita a correção do contrato.
O financiamento atrelado à TR (Taxa Referencial) conta com
uma taxa fixa + variação da TR, que será zerada desde 2017. A vantagem, no
momento, é a previsibilidade da prestação, será praticamente a mesma em todos
os meses.
Já o parcelamento vinculado IPCA (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo), principal medidor da inflação brasileira, a taxa de juros
costuma ser menor. Porém, as prestações não são fixas. O saldo devedor é atualizado
mensalmente pelo IPCA na data de vencimento das prestações.
Alguns bancos trabalham com linhas de financiamento imobiliário
corrigidas pela poupança. Elas apresentam uma taxa fixa somada ao rendimento da
caderneta de poupança, que equivale a 70% da Selic.
SAC ou
PRICE
A escolha pelo o tipo de amortização afeta o valor das
parcelas, a quantia total de juros e o prazo de pagamento da dívida. Pela
tabela PRICE, as prestações serão sempre iguais, mas compostas por mais juros.
Pelo o SAC (Sistema de Amortização Constante) as parcelas
são maiores no início e menores no fim, por causa da diminuição progressiva dos
juros.
Segundo o Serasa Ensina, a escolhe deve seguir a capacidade
financeira momentânea do consumidor. Para quem não pode dispor de valores
mensais mais altos no começo, a PRICE é mais indicada, mas é preciso ficar
atento para não usar todo o limite do orçamento.
Já para quem quer pagar menos juros e pode arcar com
valores mais altos no início do financiamento, pode ser melhor financiar pelo
SAC.
Fonte: www1.folha.uol.com.br
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