A construção
civil é uma das atividades mais poluentes do planeta: gera resíduos, emite
dióxido de carbono, causa barulho e consome muita energia. Para tentar
contornar esses problemas, construtoras estão adaptando seus processos desde do
canteiro de obras para minimizar os impactos ambientais.
Entre os
recursos estão a utilização de caçambas, e lixeiras para a coleta seletivas,
limpeza das rodas dos caminhões, para que os resíduos não se espalhem pela rua
e proteção de taludes para a execução de aterro, além de ações educativas para
os trabalhadores.
Muitas empresas
têm ido em busca de certificações internacionais como LEED (Leadership in
Energy Environmental) e AQUA (Alta Qualidade Ambiental), que reconhecem
edifícios e construções sustentáveis.
A Arqos é
signatária do Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas) desde 2022 e
implanta em seus canteiros com o uso de materiais recicláveis e ambientalmente
responsáveis, como tinta esmalte ecológica e sistema de captação de água das
coberturas para reúso.
A empresa está
em processo de certificação Edge, e o projeto do Vista Alta Condomínio
Residencial, em Santana de Parnaíba (Grande São Paulo) tem como premissa a
redução de, pelo menos, 20% do consumo de água e de energia em comparação com
outras edificações da região.
Segundo Felipe
Chukr, CEO da Arqos, para a redução do consumo de água, o paisagismo do
condomínio será 100% de espécies nativas, com baixa necessidade de irrigação e
uso de água de bacias de captação de águas pluviais.
“Para a redução
do consumo de energia, será implantado um sistema de utilização de energia
solar para as áreas comuns, e uso de iluminação com leds de alta eficiência.
Além disso, as casas foram projetadas para ter conforto térmico e lumínico que
propicie a redução do consumo energético”.
A Trisul criou
o Programa de Sustentabilidade das Obras e tem sistema online de gerenciamento
de dados. A partir daí, gera indicadores econômicos e ambientais do uso
racional da água e de energia, e também faz a gestão de resíduos em seus
canteiros.
O
empreendimento Oscar Ibirapuera, lançado em 2019 e entregue em 2022 em São
Paulo, foi o primeiro edifício do Brasil a ser certificado com o Selo Procel
Edificações Residenciais, administrado pela Eletrobras. O carimbo atesta a
eficiência energética do empreendimento localizado na zona sul de São Paulo.
O projeto tem
um sistema de reutilização de água para chuveiros e torneiras, além de lâmpadas
inteligentes que consomem 18% menos energia.
Para Victor
Dias, coordenador de sustentabilidade da Trisul, a construção civil está bem
evoluída nas preocupações ambientais, com muitas empresas desejando absorver a
sustentabilidade em seus processos.
“Do ponto de
vista de investimento, digo que vale muito a pena obter um canteiro consciente,
já que os custos são irrisórios”.
O custo de
implantação de um canteiro de obras está diretamente relacionado ao tamanho da
equipe que vai utilizar o espaço. A Arqos, por exemplo, calcula que, para a
implantação de um canteiro que será utilizado por até 550 pessoas, o custo
aproximado é de R$ 800 mil.
Operando em 23
cidades do interior paulista, o Grupo ADN fez uma parceria com a Raízen Power
para trabalhar somente com energia renovável em obras, filiais, sedes e
estandes. De acordo com a empresa, além de ser uma medida sustentável, a
iniciativa pode representar uma economia de 10% no orçamento.
Em Goiânia, a
City Incorporadora investiu R$ 7 milhões em uma usina solar para gerar energia
limpa. O objetivo é abastecer obras escritórios e empreendimentos. “O cliente
não procura isso de imediato, mas, para as gerações futuras, isso
sustentabilidade será determinante, afirma João Gabriel, sócio diretor.
Segundo um
estudo inovador sobre “Movimentos Geracionais”, feito pela HRS Specialist Researchers,
jovens nascidos entre meados dos anos de 1997 e o início dos anos 2010
consideram a sustentabilidade do imóvel na hora de escolher onde morar.
“Tanto a
Geração Z como os jovens Millennials estão moldando o futuro do mercado de
imóveis, e as empresas que se adaptarem e inovarem estão destinadas a colher os
benefícios dessa movimentação de mercado”, diz Caio Maroni, diretor da ADN.
Com residencial
Boulevard Atlântica, a América Realty focou na sustentabilidade desde a escolha
do terreno. A incorporadora aproveitou a topografia para montar seu estande de
vendas, com uma área comum similar à do futuro empreendimento em Santo André
(Grande São Paulo).
Apelidado de
Casa Verão, o espaço vai replicar uma área de 140 m² que terá piscina, espaço
gourmet com churrasqueira e forno a lenha, balanços e mesa grande com um cooler
no centro para gelar as bebidas. Esse móvel, que custou R$ 35 mil à
incorporadora, fará parte do empreendimento.
“Todo o
enxoval, as louças, os móveis e o forno estão reembalados e entregues ao
empreendimento quando ele ficar pronto, ou então vamos utilizar em novos
estandes”, afirma Israel Eloy, presidente da América Realty.
“Estimamos um
reaproveitamento de 70% do que está no estande. Só não reaproveitamos pisos e
drywall. Os 30% que vão sobrar serão, quase na totalidade, reciclados”.
O prédio terá
apartamentos de 63 m² a 82 m², captação de água da chuva para o paisagismo e
placas fotovoltaicas no telhado para a captação de energia solar. O valor médio
do metro quadrado é de R$ 9.100.
Fonte:
www1.folha.uol.com.br
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