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Sustentabilidade no canteiro de obras ganha força entre construtoras

  • 06/12/2023

A construção civil é uma das atividades mais poluentes do planeta: gera resíduos, emite dióxido de carbono, causa barulho e consome muita energia. Para tentar contornar esses problemas, construtoras estão adaptando seus processos desde do canteiro de obras para minimizar os impactos ambientais.

Entre os recursos estão a utilização de caçambas, e lixeiras para a coleta seletivas, limpeza das rodas dos caminhões, para que os resíduos não se espalhem pela rua e proteção de taludes para a execução de aterro, além de ações educativas para os trabalhadores.

Muitas empresas têm ido em busca de certificações internacionais como LEED (Leadership in Energy Environmental) e AQUA (Alta Qualidade Ambiental), que reconhecem edifícios e construções sustentáveis.

A Arqos é signatária do Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas) desde 2022 e implanta em seus canteiros com o uso de materiais recicláveis e ambientalmente responsáveis, como tinta esmalte ecológica e sistema de captação de água das coberturas para reúso.

A empresa está em processo de certificação Edge, e o projeto do Vista Alta Condomínio Residencial, em Santana de Parnaíba (Grande São Paulo) tem como premissa a redução de, pelo menos, 20% do consumo de água e de energia em comparação com outras edificações da região.

Segundo Felipe Chukr, CEO da Arqos, para a redução do consumo de água, o paisagismo do condomínio será 100% de espécies nativas, com baixa necessidade de irrigação e uso de água de bacias de captação de águas pluviais.

“Para a redução do consumo de energia, será implantado um sistema de utilização de energia solar para as áreas comuns, e uso de iluminação com leds de alta eficiência. Além disso, as casas foram projetadas para ter conforto térmico e lumínico que propicie a redução do consumo energético”.

A Trisul criou o Programa de Sustentabilidade das Obras e tem sistema online de gerenciamento de dados. A partir daí, gera indicadores econômicos e ambientais do uso racional da água e de energia, e também faz a gestão de resíduos em seus canteiros.

O empreendimento Oscar Ibirapuera, lançado em 2019 e entregue em 2022 em São Paulo, foi o primeiro edifício do Brasil a ser certificado com o Selo Procel Edificações Residenciais, administrado pela Eletrobras. O carimbo atesta a eficiência energética do empreendimento localizado na zona sul de São Paulo.

O projeto tem um sistema de reutilização de água para chuveiros e torneiras, além de lâmpadas inteligentes que consomem 18% menos energia.

Para Victor Dias, coordenador de sustentabilidade da Trisul, a construção civil está bem evoluída nas preocupações ambientais, com muitas empresas desejando absorver a sustentabilidade em seus processos.

“Do ponto de vista de investimento, digo que vale muito a pena obter um canteiro consciente, já que os custos são irrisórios”.

O custo de implantação de um canteiro de obras está diretamente relacionado ao tamanho da equipe que vai utilizar o espaço. A Arqos, por exemplo, calcula que, para a implantação de um canteiro que será utilizado por até 550 pessoas, o custo aproximado é de R$ 800 mil.

Operando em 23 cidades do interior paulista, o Grupo ADN fez uma parceria com a Raízen Power para trabalhar somente com energia renovável em obras, filiais, sedes e estandes. De acordo com a empresa, além de ser uma medida sustentável, a iniciativa pode representar uma economia de 10% no orçamento.

Em Goiânia, a City Incorporadora investiu R$ 7 milhões em uma usina solar para gerar energia limpa. O objetivo é abastecer obras escritórios e empreendimentos. “O cliente não procura isso de imediato, mas, para as gerações futuras, isso sustentabilidade será determinante, afirma João Gabriel, sócio diretor.

Segundo um estudo inovador sobre “Movimentos Geracionais”, feito pela HRS Specialist Researchers, jovens nascidos entre meados dos anos de 1997 e o início dos anos 2010 consideram a sustentabilidade do imóvel na hora de escolher onde morar.

“Tanto a Geração Z como os jovens Millennials estão moldando o futuro do mercado de imóveis, e as empresas que se adaptarem e inovarem estão destinadas a colher os benefícios dessa movimentação de mercado”, diz Caio Maroni, diretor da ADN.

Com residencial Boulevard Atlântica, a América Realty focou na sustentabilidade desde a escolha do terreno. A incorporadora aproveitou a topografia para montar seu estande de vendas, com uma área comum similar à do futuro empreendimento em Santo André (Grande São Paulo).

Apelidado de Casa Verão, o espaço vai replicar uma área de 140 m² que terá piscina, espaço gourmet com churrasqueira e forno a lenha, balanços e mesa grande com um cooler no centro para gelar as bebidas. Esse móvel, que custou R$ 35 mil à incorporadora, fará parte do empreendimento.

“Todo o enxoval, as louças, os móveis e o forno estão reembalados e entregues ao empreendimento quando ele ficar pronto, ou então vamos utilizar em novos estandes”, afirma Israel Eloy, presidente da América Realty.

“Estimamos um reaproveitamento de 70% do que está no estande. Só não reaproveitamos pisos e drywall. Os 30% que vão sobrar serão, quase na totalidade, reciclados”.

O prédio terá apartamentos de 63 m² a 82 m², captação de água da chuva para o paisagismo e placas fotovoltaicas no telhado para a captação de energia solar. O valor médio do metro quadrado é de R$ 9.100.

 

Fonte: www1.folha.uol.com.br

 



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